04 - Oriental, Caça e Caçador

 

Julius acordou por volta das nove horas da manhã e o sol brilhava forte no céu, trazendo consigo um calor insuportável. Uma das grandes desvantagens de morar em São Paulo era que ou fazia um calor do inferno ou um frio do cacete, a destruição da mata, pelo mundo todo, a ganância das grandes indústrias destruía aos poucos as defesas do planeta e isso vinha mudando o clima drasticamente, a tempos São Paulo deixara de ser a terra da garoa.

Assim que voltou a dormir, após o primeiro ataque sofrido, voltou a ter pesadelos, novas torturas em antigas lembranças de sua vida, marcas de batalha cravadas em sua alma, mas estava tão enfezado com o demônio que praticamente não precisou expulsá-lo de sua mente, ele mesmo resolver sair dali em segurança.

Levantou-se e foi ao banheiro, desta vez não olhou para o lado, sabia que Krinus não estaria no recinto, pois com a luz do sol ele procurava lugares escuros para se posicionar, provavelmente estaria na sala onde as cortinas ainda estavam fechadas ou no subsolo da casa acompanhando seus passos.

Usou o banheiro, escovou seus dentes e caminhou ate a modesta cozinha. Tinha no máximo três metros de largura por dois de comprimento, era delimitada pelo balcão que dava para a sala. Havia uma pia no centro da parede oposta ao balcão toda em inox, a janela era grande e ampla, afastou as cortinas e a abriu a janela permitindo que o ar da manhã entrasse, o que lhe causou mal estar, visto que o calor havia deixado o ar pesado. Do lado direito da pia ficava a geladeira e do lado esquerdo estava o fogão, na parede a esquerda fica o armário com os mantimentos e na parede a direita um armário com todos os utensílios de cozinhar. O balcão entre a cozinha e a sala tinha uma madeira que quando levantada e travada servia-lhe como mesa. Pegou uma frigideira, algumas fatias de bacon, queijo e ovos e começou a preparar o café da manha.

Não era de comer muito, mas a batalha espiritual e mental que travou durante a noite havia deixado uma fome descomunal. Preparou os ovos mexidos, com queijo e bacon. Julius, agora adulto, tinha aparência de um homem na casa dos vinte e cinco anos, um metro e oitenta de altura e pesava noventa quilos, era forte fisicamente, mas sua força real ficava por conta do poder espiritual que era injetado todos os dias, a cada dia de devoção a Deus ele se tornava mais forte e mais perigoso na batalha.

Terminou de preparar o café e pôs a mesa, sentou-se, orou, agradecendo a Deus pelo alimento e começou a comer, olhava eventualmente pela janela da pequena, porém bem arrumada, cozinha.

Olhou para a sala por sobre o balcão que delimitava o fim da cozinha e o inicio da sala e viu Krinus o observando, perdeu alguns segundos olhando aquela criatura horrenda e voltou a comer. Terminado o café foi ate o quarto colocar uma roupa mais adequada ao dia de sol e calor que fazia lá fora, ao entrar no quarto viu algo que não via à muito tempo e foi obrigado a se colocar de joelhos, o Anjo do Senhor estava ali e junto dele estava Rafael o anjo que a muito tempo tinha aberto seus olhos para sua tarefa, quanto tempo fazia isso, nem mesmo ele lembrava.

- A quanto tempo Julius, é bom revê-lo.

A voz de Rafael era tranquila e cheia de vida, mas Julius sabia muito bem que poderia ter o som de um trovão se ele desejasse assim. Rafael era de um tipo de anjo de alto escalão um dos capitães comandados pelos Generais, mas a Tempos encontrava-se sem superior imediato, respondendo quase sempre diretamente aos arcanjos. Ele fora um dos mais poderosos anjos a participar da Guerra Negra que fora travada por sua vida.

Tinha quase três metros de altura, não era o mais alto de sua espécie, aos olhos humanos teria o que se chama de uma pele alva, branca como somente um ser celeste poderia ser, porém quando este estava no palácio celestial era de outra cor, um bronze quase dourado que lhe garantia um aspecto maciço e ameaçador tanto quanto sublime. Seus braços pareciam feitos de aço, fortes e de aparência inflexível, como uma coluna de concreto se mostra ante a imponência de uma construção. O corpo musculoso e grande completava o quadro de um guerreiro a ser temido e respeitado. Usava uma capa azul imponente e protetora com inscrições angélicas por toda a parte onde Yaweh era adorado e glorificado. Sua espada estava em sua bainha feita de ouro maciço e uma trombeta do mais lindo marfim estava presa ao cinturão. O Anjo do Senhor mal podia ser visto dada à proporção de glória que se desprendia de seu corpo, assim que Julius entrou, o Anjo do Senhor o olhou com olhos oniscientes, olhos onipresentes, olhos capazes de ver o fundo da alma e conhecer até o mais bem guardado segredo. Ondas de luz desprendiam-se de seu corpo, uma aura incrivelmente poderosa mantinha tudo a sua volta como que imaculado, era absolutamente irreal que tanto poder estivesse preso num corpo tão pequenino, um corpo que guardava todo o universo dentro de si, todo o segredo da criação. Faíscas coloridas saltavam em volta do corpo, enquanto o manto branco que lhe cobria parecia arder em um fogo branco que não podia ser explicado em palavras. O ser a sua frente estava, neste momento, comportando toda a glória de Deus dentro de si.

- Senhor meu, o que fazes em meu lar? Por que te incomodas em vir até este servo decadente? Devo pedir-lhe que deixe esta casa que nunca será digna de sua presença.

Julius não deu atenção a Rafael, dirigia-se ao Anjo do Senhor que representa o próprio Deus. O Anjo do senhor olhou-o nos olhos e lhe trouxe paz. Caminhou em sua direção, onde pisava ondas de glória se espalhavam como se estivesse pisando sobre a água, Julius esperava que o fogo branco e a glória de Deus fossem consumi-lo por completo. Pensou que sua jornada estivesse concluída e que assim como Enoque, seria levado à presença do Deus altíssimo no Palácio Celeste, todavia, o que ocorreu foi bem diferente, a medida que o Anjo do Senhor se aproximava, Julius sentia como se todo o mal do mundo jamais tivesse existido, sentia que tudo o que ocorreu até hoje fazia parte de algo maior que levaria a humanidade a presença de Deus de uma vez por todas, sentia paz, alegria e compreendera o significado da palavra ETERNO, era como se estivesse em todos os lugares de todas as eras de uma só vez, não havia principio meio ou fim, pois Deus é o principio meio e fim e nEle todas as outras coisas foram feitas.

O Anjo do Senhor o envolveu com um abraço forte e sem abrir a boca, as palavras foram direto ao coração do pobre humano que ali estava.

- VOCÊ SERÁ CAÇADO, SERÁ TESTADO E ENFRENTARÁ COISAS ALEM DA COMPREENSÃO HUMANA, TERÁ DE ENFRENTAR FERAS DA NOITE, COMO TEM FEITO A SÉCULOS, E HAVERÁ MOMENTOS QUE PERDERÁ SUAS FORÇAS, NESTA HORA LEMBRE-SE DE MIM, O SENHOR DOS EXÉRCITOS, E TERÁ A AJUDA NECESSÁRIA. INFELIZMENTE PERDAS OCORRERÃO NESSA BATALHA, MAS TENHA CERTEZA DE QUE A VITÓRIA SEMPRE AGUARDA AQUELES QUE CONFIAM NO SENHOR DOS EXÉRCITOS.

Rafael estava prostrado, não esperava que o Anjo do Senhor fosse falar, ele seria o porta-voz, mas agora seu coração se enchia de alegria e regozijo, pois o Senhor o seu Deus o havia abençoado com palavras de vitória.

Julius levantou a face banhada em lágrimas, e viu que já não estava mais sendo abraçado. Olhou para a figura imponente do Anjo do Senhor e tocou a barra de suas vestes, sentiu a paz fluir para dentro dele, tendo o sentimento de compreensão do ser Eterno ampliado, mas além disso, sentiu mais poder do que jamais poderia imaginar. O Anjo do Senhor sorriu e desapareceu, deixando uma esfera do fogo branco pairando no ar e esta se desfez após alguns segundos. Rafael levantou-se do chão, se aproximou e olhou dentro dos olhos de Julius, que o encarou por um tempo. Então o anjo voltou a falar.

- Terá uma batalha e tanto meu pequeno irmão, espero vê-lo preparado para servir aos exércitos do Senhor o seu Deus.

- Sabe que não me nego a lutar irmão, vivo pelo dia em que teremos a batalha final contra Lúcifer e sua corja. Como pode deixar que Ele entrasse em minha casa? – Julius enxugava ás lagrimas e se colocava de pé.

- Quem pensa que sou para parar o Filho do Homem? Devo a Ele minha existência, devo a Ele tudo o que sou.

O silêncio reinou absoluto no quarto até que um titilar de espada foi ouvido. Krinus entrou no quarto sacando a espada e grunhiu agitado.

- Se não é meu amigo Rafael, meu senhor ficará muito satisfeito com sua cabeça em uma bandeja.

Disse com aspereza e partiu para cima do anjo, mas antes que desferisse um só golpe, Julius recitou.

 

Sher Maruck.

 

Que quer dizer "Sol Nascente" na língua perdida, conjurando sua própria espada espiritual e travando o golpe de Krinus. Os olhos de Julius ardiam num verde profundo, sua expressão era de puro ódio. Descreveu um arco e arrancou o braço do demônio, mais um arco e parou a espada a um milímetro de seu pescoço. Krinus estava estupefato, sequer vira o golpe que lhe arrancou o braço.

- Não tenho permissão para destruí-lo a menos que toque meu corpo, mas se sacar sua espada novamente será despachado para casa mais cedo. Saia, você não é bem vindo aqui, tenho visitas.

Falou com tanta convicção que o demônio apenas apanhou seu braço para regeneração e saiu do lugar. Rafael olhava a cena com um sorriso no rosto, teria dado cabo do demônio sem problema algum, havia desembainhado a espada antes de Julius, mas assim que viu o que aconteceria decidiu apreciar a habilidade de seu pupilo, que agora havia agido com tanta destreza que chegou a causar assombro, mas ao mesmo tempo orgulho!

- Devo dizer que você melhorou muito amigo, estou feliz e honrado em poder mais uma vez lutar ao seu lado.

- Para que Ele próprio viesse a mim devo supor que enfrentaremos mais dificuldade desta vez. É bom tê-lo mais uma vez comigo Rafael, um dia estarei a altura de lutar ao seu lado.

- Você já esta a minha altura amigo e já lutamos lado a lado. Sempre soube que você era especial, mas é a primeira vez que vejo um iluminado subjugar um demônio da maneira que acaba de fazer.

Rafael terminou de falar e olhou mais atentamente para a espada na mão do pupilo, era linda, emanava poder vindo do próprio Deus, tinha diamantes cravados no cabo e tinha o formato de uma espada de samurai. Estava neste momento apagando o brilho de quando foi utilizada, mas ainda sim sustentava vida!

- Obrigado Rafael, sabe que o tenho em grande estima, suas palavras muito me alegram, espero estar a altura do desafio, não quero decepcionar o meu Deus. - Julius sentia o perigo se aproximando, sabia que teria de enfrentar algo difícil. – Tem ideia do que está havendo, porque decidiram vir a mim agora e acima de tudo, com o que estou lidando?

- Não tenho certeza ainda, mas me parece que um vampiro ancião virá para lhe afrontar. A informação é imprecisa, um anjo de patrulha na muralha do submundo ouviu alguns demônios festejando a sua morte como certa e dizendo apenas que o ancião lidaria contigo. Ele não tem contrato de sangue com nenhum demônio e portanto não posso tomar sua vida, terá de conseguir lidar com isso sozinho. Dizem que ele é protegido de um dos Generais Caídos.

Ele havia enfrentado vampiros antes, eles tinham praticamente as mesmas habilidades, com algumas mudanças, mas sabia que um ancião era diferente, esse com certeza daria muito mais trabalho do que bruxas e feras mitológicas. Eram rápidos e letais. Páreo duro, porém ele era de uma confiança inabalável em campo de batalha, fosse quem fosse seria morto por suas mãos!

- Vou trocar de roupa e vamos ao centro, melhor me preparar para receber o convidado.

Foi até o guarda roupa e escolheu uma camiseta pólo branca e uma calça jeans leve e folgada, colocou um par de tênis e apanhou a chave de sua moto dirigindo-se à sala. Krinus já estava recuperado, mas não se moveu, ficou apenas olhando-o sair com o anjo, ele não precisava segui-lo, sua tarefa era dentro da casa.

Foi ate a garagem e tirou a lona de cima de sua TDM 850s azul, era uma máquina e tanto. Rafael o observava de perto, lembrava-se de seu pupilo montando um corcel negro, que transbordava energia, vê-lo em cima de algo que não tinha vida não parecia tão intimidador.

Acionou o botão do portão automático e deu ignição na moto que roncou alto, o anjo assustou-se com o barulho, passara tantos anos no palácio celestial que não tinha noção de que a maquina poderia ser tão barulhenta sendo tão pequena aos seus olhos. Havia mais um veículo na garagem que estava coberto por uma lona também, mas era bem maior, com certeza um carro.

Julius saiu, sem se importar com o anjo que ficava para trás, enquanto o portão fechava-se. Virou à esquerda e aumentou a velocidade, no fim da rua pegou a direita e depois a esquerda de novo descendo a tão conhecida “Embalateque”. Tomou a estrada da Rivieira e por fim a M´Boi Mirim, precisava ir ao centro, preparar-se para enfrentar o tal vampiro.

Trinta minutos depois chegava ao local, situado dentro da galeria do rock, famosa pelo modo noturno de ser. Não gostava do lugar, pois via muitos demônios por ali, mas precisava chegar até seu fornecedor. Subiu ao segundo andar da galeria e se dirigiu a parte mais escura, onde apenas alguns se dignavam a ir. Deu uma olhada em volta antes de entrar na loja, sabia o tipo de gente e monstro que andava por ali e mesmo sendo dia não ia ficar marcando bobeira.

A fachada da loja tinha algumas miniaturas de personagens de Mangá, Game e Filme, dispostos em uma vidraça. Havia ainda alguns livros grossos sobre criaturas místicas, algumas camisetas de rock e instrumentos com aparência estranha. O umbral de entrada tinha inscrições em línguas que poucas pessoas, ou seres seriam capazes de reconhecer, a língua das Primeiras Casas Terrenas, as primeiras famílias conhecedoras do obscuro, algumas inscrições em Latim e alguns feitiços. Julius leu atentamente as inscrições e sorriu. – Maldito Oriental – disse a si mesmo.

Encostou a mão esquerda em um dos umbrais e recitou um encantamento, ouviu-se um silvo como que de cobra, mas um pouco mais agudo, que cessou abruptamente. Sorriu mais uma vez e entrou na loja. Foi recebido por uma linda guria de pele branca e pálida, uma vampira, cria do Oriental, passava o dia na loja e as noites a caçar com seu mestre. Ela era linda, mesmo com a pele extremamente branca conservava um corpo esguio e cheio de malícia, olhava com sedução nos olhos de quem fosse, mas para quem conhece o poder dos vampiros sabe que este é só um modo de dizer, "vou jantar de ti esta noite"

- Que maus agouros o trazem aqui, caçador? E quem lhe deu autorização para desfazer a tranca? - apesar de linda neste momento tinha uma voz fria e mortal.

- Não esta na hora de ir dormir criança? Precisa descansar se pretende caçar esta noite! Onde está O Oriental? Preciso vê-lo agora.

- Não me provoque caçador, sou tão antiga quanto você, posso destruí-lo agora mesmo, seu arrog...

Antes de terminar o que falava, estava presa em um “mata leão” aplicado pelo tal Oriental. Era de fato do oriente. Olhos puxados, pele que devia ser amarelada antes, mas que agora era branca como a da garota, tinha a mesma altura de Julius e corpo forte como o dele, sorriso maroto sempre a vista. Havia algo curioso, era o único oriental que Julius já vira com cabelo ruim, um vampiro, mas este não o preocupava, pois era um vampiro do oriente, renegado por natureza e ate hoje sempre tinha boas dicas para Julius.

- Não, minha cara, você não é forte o suficiente para enfrentar este Iluminado, ele foi bem treinado e vem de uma linhagem original de abençoados e para completar os benefícios é o primeiro a despertar os dons de batalha...uma arma e tanto, uma arma e tanto - O Oriental olhava fixamente nos olhos de Julius. - "Jhon Julius" meu mano!!! Não consigo entrar em sua mente para antecipar seus pedidos, pode me dizer o que o trás aqui?

- Preciso de armas é claro, contra vampiros - Julius olhou com desdém para a vampira presa nos braços do Oriental - armas fortes, trata-se de um ancião, não sei o quanto já viveu, mas o próprio Anjo do Senhor veio ter comigo então a parada é dura.

   - Oh, se Ele que esta acima veio ter contigo imagino que seu tutor o esteja acompanhando?

- Sim esta. Pedi que ficasse lá fora, os demônios daqui se incomodam muito fácil e não estou a fim de dar motivos para a Guerra Negra. Que tal ir lá fora vê-lo meu mano, sei que aguenta um tempinho ao sol antes de ser consumido.

A vampira não entendia como eles podiam conversar como velhos amigos, eram inimigos naturais, os vampiros matam gente e os iluminados matam vampiros é uma regra! Desvencilhou-se do chefe enquanto ele ia dar um abraço no amigo e foi para os fundos da sala onde ficaria a postos caso precisasse se defender e onde poderia continuar ouvindo a conversa.

- Meu velho, espero ansioso o dia em que nos enfrentaremos, vejo que seu poder aumentou muito, se você não desistisse de acertá-la com aquele murro, ela teria ficado inconsciente por um bom tempo. Sorte a dela você ter me visto chegando, mas sabe que não deve fazer isso, ela é minha criança.

- Eu sei Jhon, só não estou num dia legal, a porcaria de demônio que tem me atormentado esta enchendo o saco e não consegui bloquear os acessos dele ainda, sei que ele vai embora assim que o fizer como os últimos, mas esse é espiritualmente mais forte que os outros.

- Já sabe o nome dele?

- Sim, consegui inverter uma invasão dele alguns dias atrás, seu nome é Krinus.

- Krinus? Se não me engano ele é senhor dos pesadelos, tenho quase certeza de que ele foi Baal na antiguidade, chegou a ter adoradores, deve ser por isso que tem tido dificuldades em repudiá-lo, todavia você já fez isso muitas vezes, logo vai conseguir de novo.

Eles mantiveram a conversa enquanto a vampira estava boquiaberta. Soco? Que Soco? O cara nem se mexeu. Pelo menos ela não havia visto nada.

 Fizeram os negócios que precisavam e se despediram, antes de sair, Julius se dirigiu a garota.

- Aprenda o que puder com ele, sugue seus ensinamentos e siga a risca o que ele mandar fazer, talvez um dia esteja pronta para mim. E que seja logo, tenho tido muito trabalho ultimamente e precisava me divertir um pouco, você só não esta sendo caçada por ser cria de meu irmão, do contrario já teria destruído você - Depois que falou isso fechou a boca e ainda sim ela continuou ouvindo sua voz.

 

- Sua fedelha, nunca mais me insulte ou será sua ultima ação.

 

Não bastasse o incomodo de ter uma voz em sua mente à garota já não via mais o caçador na loja, porém sua presença parecia sufocar lhe.

- Calma minha cara, em breve estará pronta para as aulas de bloqueio. Devo dizer que ele melhorou muito, tentei evitar que invadisse sua mente. Melhor me preparar, amigos ou não, uma hora será a minha vez de enfrentá-lo.

O oriental seguiu para os fundos da loja, parou em frente a uma porta e voltou-se para sua cria.

- Refaça a tranca e tente usar runas demoníacas, requer sacrifício de sangue fresco e força de vontade, se sentir que não dará conta me avise. – Abriu a porta e ia saindo quando Sukah o chamou.

- Eidi?!

Ele virou-se para ela.

- Vá se “lascar” antes que me esqueça.

Ele sorriu e sumiu de vista.

A guria ficou sozinha rangendo os dentes, detestava ter seu trabalho questionado, foi até a porta e iniciou os ritos, precisava melhorar e rápido.

Julius, já de mochila cheia, voltou até o estacionamento, pagou o carinha que cuidava de tudo por ali, pegou a moto e tomou rumo para casa. Rafael o seguia de perto, absorto em seus próprios pensamentos, mal prestando atenção ao caminho. Chegaram a casa de Julius e foram direto ao quarto, precisava separar o material, isso por volta das treze horas. Tirou os dispositivos da mochila, em sua grande parte se tratava de munição, mas haviam algumas coisas novas. O Iluminado pegou o armamento no closet e começou a municiar as armas.

- Instrumentos interessantes Julius, serão tão eficazes quanto sua espada? - Rafael estava intrigado com alguns apetrechos e descansava uma mão aliviada no cabo de sua espada.

- São sim caro amigo, Joel foi um grande instrutor, uma das regras mais básicas que ele ensinou foi a manter comigo apenas o que me permita sobreviver a uma batalha. Vou lhe explicar um pouco sobre estas coisas. Armas de fogo você já conhece, mas está é uma pistola de repetição automática, o pente comporta 36 balas. Tem duas opções de disparo, tiro único e três tiros, sendo que em ambas as situações, posso deixar o gatilho puxado e a ação se repetira vez após outra, seja um tiro de cada vez ou três tiros de cada vez, mas bem, isso seria apenas um pouco melhor que o normal, mas a questão é a munição. Balas revestidas com prata, bem sabe que isso machuca bastante, seja o tal vampiro novo ou velho.

Colocou a pistola de lado e pegou um saco cheio de estacas.

- Estas estacas têm cilindro interno com pressão suficiente pra atirar a ponta num alvo que esteja num alcance de até quinze metros, a ponta não matará o vampiro, mas pode me dar tempo o bastante pra me aproximar e concluir o trabalho e fora que também é de prata.

Deixou o saco de estacas de lado e pegou uma luva parecida com as luvas de cavaleiros do tempo das cruzadas.

- Tem ainda essa luva, gostei realmente disto, alem dos cravos nos dedos quando se fecha a mão o que vai proporcionar um murro mais eficiente, não atrapalha em nada empunhar a espada, é bem leve e flexível, mesmo com essa cota de malha que, teoricamente vai me permitir sofrer ataques diretos de uma lâmina pequena sem perder os dedos, para completar quando puxo esse cravo do punho aqui.

Ao puxar um cabo de aço revestido com prata com pouco mais de um metro apareceu, com certeza seria útil numa possível luta sem espada, pois serviriam para defender golpes tanto quanto para desferir.

- Viu só amigo, mesmo sem espadas alguns cortes surgirão nos inimigos que eu encontrar.

Rafael não estava muito seguro, mas ainda sim impressionado com a engenhosidade da luva, sorriu para Julius, sempre sentia-se confiante junto do humano, um dos filhos do Deus vivo, por quem Jesus morreu na Cruz.